segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

É tudo mentira!!

E eu vou contar como as coisas funcionam de verdade. Ou como funcionavam, sei lá. Só que, pra contar a história da Borgondinávia e todo mundo entender o motivo da minha versão ser a verdadeira e isenta de qualquer ilusão, eu preciso contar um pouco da minha história também.

Primeiro, eu não sou uma borgóndia. E não nasci o farrapo humano que eu sou hoje. Eu nasci no ano do galináceo, com todas as conjunções astrais apontando para o sucesso (incluindo a Lua em Touro e o satélite 486 em perfeito alinhamento com o Sol), no distante reino de Nictchy (pronuncia-se “niquíti”). Nasci May. Meus pais eram nobres: o Duque e a Duquesa de Mendoza. E, assim, eu nasci May de Mendoza.

Nictchy sempre valorizou a igualdade e, assim, ao contrário das burguesinhas dos países vizinhos, eu não fui domesticada para ser mãe e esposa. Eu fui educada. Eu conheci os grandes filósofos, os grandes escritores e artistas, os grandes pensadores, os grandes estrategistas. Para orgulho da família, me formei em Comunicação e Comérciol, com especialização em Relações Internacionais e Inter-reinos. E minha vida seria perfeita. Seria....

Há cerca de três anos, começou a invasão. Antes, eles sondavam, perguntavam, demonstravam curiosidade. Com o tempo, eles começaram a mostrar pra que vieram. Dor, destruição, morte. Neste momento, quem estiver lendo e ainda tiver família, deveria agradecer. Pois eu já não tenho. Não tenho ninguém. Minha família foi assassinada, minhas terras destruídas, minha pátria invadida. E eu consegui fugir da morte que me perseguia e encontrei refúgio na Borgondinávia.

Sobre a Borgondinávia: ela nunca foi a terra perfeita descrita abaixo. Sempre houve injustiça, sempre houve corrupção. O que existia de bom em Borgondinávia era apenas uma coisa: liberdade. Você se ferrava, mas podia reclamar, ao menos.

Borgondinávia me tratou pessimamente desde o início. Minha procedência, minha formação? Tudo sutilmente ignorado. Aqui eu me tornei só mais uma. Mais um número. 06. Ou, como logo fiquei conhecida, Zero Six. Mas eu preciso deixar bem claro qual era a minha situação quando cheguei aqui: eu não tinha nada, a não ser dor. E os borgóndios sempre foram tão acolhedores... Não demorou pra que eu aceitasse a pátria como minha, “vestisse a camisa” mesmo.

E eu passei quase 2 anos assim: rebaixada, humilhada, sem reconhecimento, sem remuneração adequada ao trabalho que eu desenvolvia, sem poder utilizar tudo que aprendi ao longo da vida. E foi aí que eu aprendi que nada é tão ruim que não possa ser piorado... Pois foi quando os Sacanas chegaram... Aos poucos, espreitando.... Até a dominação completa.

E eu adoraria contar mais sobre a dominação. E sobre o que ela causou nos borgóndios e em mim. Mas agora eu tenho que fingir que estou corrigindo dados para os Sacanas enquanto desvio armamento para o abrigo, através de uma conexão pirata.

E não acreditem em uma palavra do que os borgóndios dizem. Eles ainda não viveram uma dominação e não sabem o quanto estão se iludindo neste processo.


E viva a revolução!

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